Já não havia mais sonhos no seu rosto, nenhuma resposta para lá da distância do seu pensamento. Os seus olhos haviam petrificado, eternamente fixos no deserto dos céus, e ele não via ninguém, nem os vultos que se aproximavam, tentando fazer com que despertasse, nem a passagem das noites e dos dias, eternamente parados na repetição da sua imobilidade.
Não tinha mais silêncios que o seu próprio silêncio e o frio que lhe enlaçava o corpo sobre as suas roupas molhadas. A chuva havia tombado sobre o seu corpo rígido, encharcando as suas roupas, mas ele permanecera, silencioso, na memória do seu mundo perdido, esquecido de toda a esperança, perdido para toda a redenção.
Se pudesse voltar a encontrar-se… Se o passado regressasse do seu recôndito abismo, daquela gruta isolada mais longe que o próprio longe. Se apenas pudesse voltar a tocar o rosto de todos os sonhos que abandonara, a vida voltaria a fluir pelas suas veias, como um fantasmas retornado dos silêncios interiores.
Não havia, contudo, nenhum caminho capaz de inverter a estrada da sua imobilidade, a pedra em que se transformara, fria e ausente como o seu próprio coração. E ele esperava, imortal na sua imobilidade, pétreo como a mordaça dos seus sentimentos mortos, eternamente abandonado na espera de uma morte capaz de lhe estender o abraço dos seus braços.
E as lágrimas do mundo rodeavam a sua pena… mas ele nunca as poderia ver.
. Ele
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. E Morreram Felizes para S...